Francisco Caldeira Cabral
Após o falecimento de António Cabral, pai de Manoel Cabral, as propriedades que incluíam o Quintal do Forno, foram herdadas pelo seu bisneto Francisco Caldeira Cabral (1908-1992).
Alfreda Ferreira da Fonseca (1909-2001) casou com Francisco em 1936
O casal teve o seu primeiro filho, António, em 1937. Dois anos depois nasceu a filha Maria do Rosário em Berlim, onde a família morava na altura.
Francisco, que se formara em Agronomia no Instituto Superior de Agronomia (ISA) em Lisboa, estudava na Friedrich Wilhelm University. Aqui se gradua, em 1939, como o primeiro Arquiteto Paisagista português.
Quando regressa a Portugal, começa a trabalhar como professor no ISA. Em 1942 inicia o “Curso livre de Arquitectura Paisagista”, considerado a base para os primeiros estudos da profissão em Portugal.
Caldeira Cabral, como era conhecido, cativou uma série de jovens estudantes de Agronomia como Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020), Álvaro Dentinho (1924-2014), António Viana Barreto (1924-2012) e Ilídio Araújo (1925-2015), entre outros.
Eles seriam não só a primeira geração de Arquitetos Paisagistas Portugueses, mas também importantes referências para a sociedade portuguesa pelo seu legado em planeamento urbano, conservação da natureza e políticas ambientais.
Ao seu terceiro filho João (1940), seguiram-se José Maria (1942) e Ana Maria (1943).
De 1942 a 1962, Francisco lecionou no ISA, onde iniciou o Centro de Estudos de Arquitectura Paisagista em 1953.
Durante este período, e até falecer, manteve também o seu atelier de arquitectura paisagista ligado a projetos tanto públicos como privados.
Francisco manteve também um papel ativo na sociedade civil portuguesa. Ele fez parte de diferentes organizações como a Liga para a Protecção da Natureza; a Comissão de Proteção da Natureza da Sociedade Geografia de Lisboa; a Associação dos Antigos Alunos dos Jesuítas.
Ao mesmo tempo, a família continuava a crescer com Alice (1947), Francisco (1948) e os gémeos Pedro (1950) e Maria da Assunção (1950-2020).
A partir de 1957 Francisco começou a representar Portugal na International Federation of Landscape Architects (IFLA). Em 1960 foi eleito vice-presidente da IFLA e seu presidente de 1962 a 1966.
Francisco recebeu o Prémio Fritz Schumacher de Planeamento Paisagístico pelo Senado de Hamburgo, em 1965.
Em 1971 foi distinguido como Doctor honoris causa pela Universidade de Hannover e em 1980 pela Universidade de Évora.
Foi condecorado como Grande-Oficial da Ordem de Instrução Pública em 1982. Mais tarde, em 1989, recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.
Até depois da sua reforma do ISA, em 1975, Francisco manteve-se bastante ativo a nível internacional. Ele participou em numerosas conferências e congressos em diferentes países, e também colaborou com universidades europeias e norte-americanas.
Francisco liderou muitos projetos a diferentes escalas e âmbitos: desde espaços públicos e privados ao planeamento paisagístico.
Nas suas propriedades em Paços da Serra, Francisco Caldeira Cabral restruturou e maximizou as práticas agrícolas.
Nos finais dos anos 40 desenvolveu os viveiros Casa do Oitão, que forneciam plantas para os seus projetos.
Durante os anos 70 e 80 trabalhou no melhoramento de pastagens e foi proprietário dum rebanho de ovelhas e duma pequena queijaria.
Junto à Casa do Oitão, Francisco experimentou e iniciou novas técnicas agronómicas como a rega por aspersão.
O seu último projeto com o seu filho João foi no quintal da Casa do Oitão. Aqui ensaiaram, com sucesso, a reprodução de bolbos de narcisos autóctones da Serra da Estrela, uma espécie local ameaçada.
Aos 82 anos de idade, o Professor Caldeira Cabral foi uma das poucas pessoas que conheci cheia de planos para o futuro.
Ex-aluno, Arq. Paisagista
O avô Chico e a avó Alfreda tiveram 9 filhos e 28 netos.
Atualmente há mais de 50 bisnetos e já alguns trisnetos.
O Quintal do Forno no século XX
Francisco Caldeira Cabral também deixou a sua marca no Quintal do Forno.
Francisco transformou parte do pomar num jardim florístico com um desenho clássico de buxo anão em redor de uma taça de granito.
Também introduziu mais espécies como lírios (Iris germanica), louro-cerejo Prunus laurocerasus, deutzeas e beladonas-bastarda (Amarylis belladonna).
Na década de 1970 Alfreda comprou a terceira e última edificação junto ao Quintal do Forno, a Casa do Balcão.
Sob a gestão de Francisco Caldeira Cabral o Jardim foi mantido muitos e bons anos. Quando faleceu em 1992, o Quintal do Forno estava em boas condições e muitas das suas árvores eram já centenárias.