Manoel Cabral
Soares de Albergaria

Em 1886 Manoel Cabral (c.1848-1926), horticultor amador, fez a primeira compra que deu origem ao Jardim do Quintal do Forno.

O Jardim está situado frente à Casa do Oitão, a casa da sua família. As duas propriedades situam-se na parte alta de Paços da Serra, onde Manoel viveu a maior parte da sua vida.

Manoel Cabral Soares de Albergaria

Fachada da Casa do Oitão, onde morou Manoel Cabral, vista desde o Quintal do Forno no séc. XX.

Casa do Oitão

Manoel Cabral foi o terceiro dos cinco filhos de António Cabral Soares de Albergaria (1824-1915) e de Maria Gertrudes Amália Marques Ribeiro Saraiva (1827-1876). Por volta de 1850, construíram o solar da Casa do Oitão ao lado da já existente, a antiga Casa do Oitão do séc XVI.

Fachada Norte da Casa do Oitão com a Serra da Estrela no fundo. Paços da Serra, 1961.

Balcão da casa velha do Oitão, onde moraram os pais de Manoel Cabral.  Vista desde a atual Rua do Martinho, Paços da Serra.

Apesar de ter uma casa nova, António Cabral e Maria Gertrudes nunca lá moraram porque, tendo ela morrido prematuramente, por pena ou por comodidade, António permaneceu na antiga morada. Em todo o caso, António só usava a nova Casa do Oitão para receber familiares e amigos nas salas do primeiro andar, por onde as duas casas estavam conectadas.

Atualmente, os dois espaços pertencem a trinetos do primeiro António Cabral: o solar, a António Caldeira Cabral (1937); a antiga Casa do Oitão, ao Arq. José Mª Caldeira Cabral (1942).

Corredor que une as duas casas do Oitão e Volkswagen carocha. Paços da Serra

Desenho da Casa velha do Oitão, fachada Sul, pelo Arq. José Mª Caldeira Cabral.
Desenho da Casa velha do Oitão, fachada Sul, pelo Arq. José Mª Caldeira Cabral.

Vistas Norte e Sul da antiga Casa do Oitão, reabilitada nos anos 70, e desenhadas pelo Arq. José Mª Caldeira Cabral em 1998.

O tio Manoel era solteiro e foi a única pessoa que habitou o solar da Casa do Oitão. Ele geria as propriedades da família e dedicava-se à horticultura. Com exceção das salas do primeiro andar, Manoel usou o resto do edifício como principais instalações para os seus projetos. Nessa altura, plantas e gaiolas de pássaros enchiam o rés-do-chão, bem como a varanda de vidros virada a Sul.

Manoel Cabral era subscritor do Jornal de Horticultura Prática e posteriormente do Jornal Hortícola-Agrícola. É por isso que as suas coleções de plantas foram compradas nos mais prestigiados viveiros da altura.
Vista parcial duma das faturas do Real Estabelecimento de Horticultura de José Marques Loureiro na Quinta das Virtudes no Porto para o Sr. Manoel Cabral Soares de Albergaria datada em 1886.

1886

Fatura de flores, árvores, arbustos e sementes emitida pelo Real Estabelecimento de Horticultura de José Marques Loureiro.

Verso de bilhete postal enviado pela Real Companhia Horticolo-Agrícola Portuense ao Sr. Manoel Cabral Soares de Albergaria em 1894

1894

Bilhete postal confirmando o pagamento à Real Companhia Horticolo-Agricola Portuense de José Marques Loureiro e Jeronymo Monteiro da Costa.

Vista parcial duma fatura enviada pelos Viveiros de Alfredo Moreira da Silva no Porto ao Sr. Manoel Cabral Soares de Albergaria em 1910.

1910

Fatura de sementes, flores e árvores emitida pelos viveiros de Alfredo Moreira da Silva na Rua do Triumpho, Porto, e enviada pelos Caminhos de Ferro a Gouveia.

Fotografía a preto e branco tirada desde a Corujeira com vistas ao quintal da antiga Casa do Oitão e as palmeiras do Quintal do Forno
As propriedades da família receberam as novas árvores e arbustos

O Jardim da antiga Casa do Oitão acolheu um exemplar de magnólia, um diospireiro e pereiras. Carvalhos, cedros e acácias foram para a Corujeira. No entanto, Manoel manteve, no Quintal do Forno, coleções de palmeiras, camélias, roseiras e rododendros.

Palmeiras do Quintal do Forno no séc. XX

O Quintal do Forno no século XIX

O Quintal do Forno é uma propriedade de 2000 m2 rodeada de muros secos de granito. A sua entrada encontra-se na antiga Rua do Oitão, atualmente Rua do Martinho. No séc. XIX a família já possuía dois dos três edifícios adjacentes ao Jardim: um antigo forno comunitário usado posteriormente como palheira e uma casa denominada Casa da Hera.

Como tradicionalmente na Beira portuguesa, o tio Manoel fez duas áreas: um jardim formal e um pomar com horta.

Tapete de pétalas de camélia e pedras de granito limitando os canteiros do Quintal do Forno.

Seguindo o estilo romântico da época, a configuração original do jardim era muito semelhante ao atual.

Spring camelia carpet and granite stone around the flowerbeds in the Quintal do Forno

Pedras de granito limitam canteiros arredondados com camélias perto dos bordos. Acrescenta-se uma palmeira no centro sendo que alguns canteiros têm rododendros ou azáleas.

Atualmente, o Quintal do Forno conserva ainda muitas das plantas que o tio Manoel escolheu para o seu jardim: camélias, palmeiras, rododendros, azáleas, um espécimen de magnólia, uma árvore-de-júpiter (Largerstroemia indica), um jasmim-do-imperador (Osmanthus fragrans) e um louro americano branco (Kalmia latifolia).

Após o falecimento de António Cabral, pai de Manoel, as propriedades foram herdadas pelo seu bisneto Francisco Caldeira Cabral.
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